Você me segurava nos braços, era meu escudo, meu protetor. Não me machucava, nem com inocência ou com consciência. Pensei ser insubstituível, pensei que colocaria uma flor no meu cabelo e diria: “você é a melhor coisa que me aconteceu na vida.”
Foi mais além, me dera um apelido bobo, fazia-me cócegas, ensinava-me jogar xadrez. E eu ainda planejava não deixar você passar pela porta, de fazer birra pra não me largar. Eu só queria ser sua amiga. Queria que notasse o quanto é importante para mim, em cada parte da minha vida. Eu sou o reflexo do que você é.
Sonhei que colocava meus pés em cima dos seus e segurava minha mão, que ria e brincava assim, naquele jardim tão lindo. Ensinando-me a viver, a caminhar devagar, a seguir os passos que você considerava seguro, e por um minuto, até abrir os olhos senti como se o mundo não pudesse me machucar, Que eu saberia viver. Eu seria forte.
A imaginação era tão real que eu podia sentir o cheiro de café recém feito misturado com nicotina, até ouvir arrastar de chinelos conhecidos, passarinhos cantando, algumas risadas distantes. Levantei-me e abri a porta e só o que vi foi a forma de uma pessoa que cansou de amar, de ser ferida, cansou da vida e acima de tudo, cansou de cansar. Não vi nada além dela.
O dia correu, a noite chegou novamente, e para não me
machucar outra vez, jurei que seria a ultima vez que sonharia em tê-lo por
perto, porque sonhos são só sonhos. E se você não é feliz aqui, nunca foi,
tenho de deixá-lo ir, tenho que guardar as saudades, as memórias e as vontades.
Talvez você um dia perceba que muito mais que uma estrada, suas atitudes nos
separaram. Mesmo eu implorando: Estou bem aqui papai!
.