Depois de tanto tempo pensando a percepção me acolheu. Enche-me
de alegria imaginar a verídica sentença: Eu não estou apaixonada por ele.
É por essas e outras que amo a diferença entre amar e apaixonar-se. Costumo
dizer que é o tempo quem nos diz, se é um ou outro.
Como eu previa, numa bela manhã, acordei sem sentir nada. Graças aos deuses.
Ainda não sei dizer se foi atração, ou sei lá, pele. Só sei que não foi significante o suficiente.
Me pego rindo do drama que fiz para descobrir, quando a vida, brincalhona, me
prega essas peças tão sarcástica e repentinamente.
Que haja muitos outros sentimentos assim, pois é com esses que eu aprendo.
Mesmo sendo tão rápido, absorvo o que melhor convier.
Entre um dia e outro, pesquiso na memória as diferenças, rio, brinco, e mesmo
que silenciosamente, e com piadas internas eu faço comparações, isoladas,
conjuntas, diversas e avessas. Gosto de
brincar dentro da minha emoção, pois quem sabe quando é que vou encontrar a “perfeição
imperfeita” de ontem?
Alguns dizem que não existe essa de perfeição, mas, hoje, ouso em minha
completa sabedoria ignorante das poucas e ingênuas coisas que vivi, dizer que:
O ser humano, com todas as suas falhas, é de tal exuberância, que em sua obra
geral, em sua essência, merece ser chamado de perfeito. Mas, aceito a
negligência de alguns, em notar coisas tão poucas. Se ainda me permitem
tagarelar mais um pouco: Contradigo-me em termos, pois acredito que uns, tão
raros, são um tanto mais cativantes que outros. E não é preciso fazer muito
para ser notável. Até mesmo um rei,
cansa de seu bobo da corte uma hora não é?! O que estraga minha teoria sobre a
perfeição do humano, mas tudo bem.
Tão certo como o sol que se mostra todo dia, amo o equilíbrio, e danem-se as
definições de utopia. E só o deus da loucura parece entender porque diabos,
quando tenho a bendita ponte do inoportuno equilíbrio, lanço-me ladeira abaixo.
Não se estabilize, chacoalhe, reaja. Duvide. Mas seja calmo como as brisas de
uma tarde serena. Porque quero sentir, mas quero de tudo dessa ousada aventura,
um pouco. Perceba: Não faço questão do normal, esse texto soa normal para você?
Pois bem, assim como meu oscilante humor é meu desejo por coisas novas. É como
se me deixassem jogar caça-palavras, mas já com todas as lacunas preenchidas.
Onde está a graça? Que problemas gostosos e divertidos sobra para resolver? Que
roupinha vestir? Que penteado fazer para melhor te agradar? Não, obrigada.
Os mimos cuja existência é para agradar, em peso, me da uma leve overdose de atenção.
E felizmente, ou não, sou das que se acostuma muito fácil com novos ambientes,
mesmo não sendo lá tão recentes, de grandes descobertas, porque venhamos: isso
é velho. Faça, desfazendo. Não controle, não brinque de adivinha, não force,
apenas deixe que as situações tragam momentos memoráveis, eu também me apaixono
por memórias, e muito mais quando são sinceras, espontâneas. Umas melosas,
outras engraçadas, umas um tanto chorosas, mas todas boas e únicas. Portanto
tentar aplicar teorias conhecidas e convencionais, não irá atrair nem se quer
meu olhar.
Apenas se desconecte, quebre seus conceitos, forme outros, viva, ao invés de
apenas entrar nessa minha estrada. Eu só quero poder ouvir no final: “foi
diferente, inesquecível, novo...”