O Prédio

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Escorria pelas paredes, estava lacrado em cada móvel daquele cômodo, as lembranças de sussurros e pele. Havia silêncio, havia memórias indecifráveis. Tinha cheiro de saudade, com uma mistura de calor e sede. Tinha cor de brincadeira e descoberta. Tom de amor e paixão. Tanta certeza... Nenhum medo, de existir e dividir-se. Partilhar do que somos feitos. A sala possuía vozes, confissões que me levavam a insanidade, as estrelas. A nostalgia me abraçara e já era tarde para abrir a porta e sair andando. Minhas pernas enfraqueceram e dobraram-se, as lágrimas suplicavam ser libertas, meu corpo estava sentindo tua ausência, a sua essência. Levei a mão ao lugar onde a dor começara, meu coração parecia querer explodir em chamas, clamando seu nome. Ali sentada no chão fiquei por horas, sonhando com seus olhos, suas mãos e seus dizeres. Eu podia sentir minha pele tentando expressar que me faltava você. E não havia nada que pudesse ser feito. Só me restava sentir. Era uma maneira de ter você perto. A dor, me lembra o quão importante foi o que aconteceu ali.  O quão fora de mim eu estava, completa, tão vulnerável, delicada, tão sua.  Estou cheia de lembranças, mas me sinto vazia. Falta você. Falta o seu abraço. E apesar do frio que fazia, da falta de vontade de sair dali puxei uma coberta e adormeci, para ter-te onde ninguém pode me tirar de você... nos sonhos.

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