Sweet Cactus Especial: Amores Distantes

terça-feira, 10 de abril de 2012

A primeira alvorada é sempre a melhor, os passarinhos bonnie e clyde cantarolando no comodo ao lado...
Calmamente começávamos a contar uma a outra os fatos ocorridos, dores, problemas e segredos. Até esvai-los de nossas cabeças, para então fugir dessa realidade confusa... 
Um a um os sonhos eram ditos, interpretados, sentidos e explorados. Ah, mais que pena não virarem realidade, são tão convincentes quando jogávamos-os imaginação a fora.


Quantas gargalhadas nós damos, como se nenhuma preocupação fosse capaz mais de invadir nossas cabeças, cada conversa era um passo a mais longe delas... 
Acho que ninguém sabe como é, afinal, nós criamos isso, juntas. Nosso mundo, ou como nossos parentes dizem: "Elas estão em Nárnia!" ... Sim sempre estamos, por enxergamos o mundo quase que igualmente, -mas diferente de todos- ninguém parece entender, nenhuma amiga sabe como são preparados esses momentos, e se tentam, nunca será igual. É um mundo vasto, onde podemos ser o que nos pareça, nenhum limite, nada para nos impedir de completar nossos sonhos. 


O mundo real, que tenta nos abraçar com sua frieza, sem graça, apenas serve como alicerce da imaginação, que por horas nos prende em suas sensações, da mesma forma de quando brincávamos de boneca. 

Quando resolvemos colocar-nos porta a fora de "Nárnia", fazemos nossas piadas sobre tudo, rimos de quem passa desajeitado, brincamos com o que nos interessa e ainda assim, tudo sempre é bom...
Pessoas de um lado para o outro, uma larga avenida, faces e gostos diferentes, risadas e carpe diem. É assim, emocionante, tudo que passo com eles lá... 

Somos toda sinceridade, não há nada que não compartilhamos, até mesmo nosso sangue. 
De alguma maneira,-não descobri qual ainda- ficamos longe uma da outra, e a dor da saudade se esconde no canto, acho que aprendemos a lidar com ela, mas ainda assim ela existe, esta sempre ai para lembrar que mesmo existindo uma enorme estrada entre nós, nada nunca foi motivo para nos separar. Nem brigas, diferenças, problemas, erros, namorados... Nada. 
Os dias vão se passando, com pressa, não nos dando liberdade, nem escolha de senão separar-nos novamente, com suas lições e dores. 

Essa cumplicidade toda vem de um conceito antigo: família; Esbarra nas semelhanças entre nós, consiste-se num amor inquebrável, puro e único...

E por fim, enfrentamos os últimos momentos, estalamos nossos olhos durante a madrugada, e conversamos até não aguentarmos mais...
Então... As ruas começavam a correr, meus olhos acompanhavam os tantos prédios altos e imponentes, molhados, meu coração segurava a vontade de derramar lágrimas, minha garganta se fechava, e eu sabia que tomaria novamente um xoque de realidade, quando me visse dentro do ônibus voltando para a minha cidade quieta. 

Já dito o doloroso tchau, parti. Sentei-me no fundo, onde ninguém pudesse olhar para minhas lágrimas incessantes e familiares. Forçando-me e me dizendo mais um de seus adeus passageiros, mais um de seus pedidos desesperados para ficar. Mas eu sei que um dia isso acabará, e eu não terei de viver longe dos meus amores.